Da incerteza à ciência de ponta: a jornada de um estudante do IFSP ao maior centro de pesquisas do Brasil
A história de Rafael Giovanini de Lima no Instituto Federal de São Paulo (IFSP) começou em 2014, quando ele ingressou na Licenciatura em Física pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU). Na época, o campus ainda era novo e, assim como muitos estudantes que iniciam a vida acadêmica, Rafael não tinha clareza sobre qual caminho seguir na carreira, ou mesmo sobre o próprio futuro.
Os dois primeiros semestres foram especialmente desafiadores. Ele enfrentava as dificuldades de adaptação ao ensino superior e carregava lacunas significativas do ensino médio, principalmente em matemática e física básica. “Naquele momento, eu mal tinha noção do que era uma função ou uma força. Mas o curso do IFSP foi cuidadosamente estruturado para oferecer uma base sólida nos primeiros semestres, o que foi essencial para mim”, relembra.
A partir do momento em que começou a compreender os fundamentos da física para além da simples aplicação de fórmulas, Rafael se apaixonou pela ciência. Essa paixão o levou a buscar experiências práticas em laboratórios, o que o aproximou do CENA-USP (Centro de Energia Nuclear na Agricultura), em Piracicaba. Lá, ele teve o primeiro contato com a pesquisa científica e entendeu como os conceitos aprendidos em sala de aula se aplicavam na solução de problemas reais, tanto na ciência fundamental quanto em tecnologias de ponta.
Esse envolvimento o motivou a seguir na vida acadêmica. Ingressou no mestrado também no CENA-USP, onde trabalhou com aplicações ambientais de conceitos da física moderna, como a quantização da energia e o efeito fotoelétrico. O interesse pela pesquisa só cresceu, e logo Rafael conquistou uma vaga no doutorado no CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), o maior centro de pesquisa científica do país.
No CNPEM, ele atuou no Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), onde desenvolveu pesquisas com nanomateriais de origem vegetal. O foco de seu trabalho foi investigar estabilidade, interações intermoleculares e aplicações desses materiais como alternativas sustentáveis aos derivados de petróleo. “Poder trabalhar com ciência de ponta e, ao mesmo tempo, contribuir com soluções para um mundo mais sustentável foi algo transformador para mim”, conta.
Sua jornada também ganhou contornos internacionais. Durante o doutorado, Rafael realizou um intercâmbio de seis meses nos Países Baixos, em um doutorado sanduíche que lhe permitiu não apenas desenvolver projetos em uma universidade estrangeira, mas também vivenciar novas culturas, métodos de trabalho e experiências de vida.
Ao olhar para trás, ele reconhece que a escolha incerta feita em 2014, ao ingressar na Licenciatura em Física, foi um divisor de águas. “Foi, sem dúvida, uma das melhores decisões da minha vida. A graduação não só me deu uma base científica sólida, mas também me ensinou a ensinar e, acima de tudo, a aprender. Compreendi a importância da troca de conhecimento e da educação como ferramenta de transformação, tanto profissional quanto pessoal.”
Hoje, Rafael é um exemplo de como a educação pública e a resiliência podem transformar incertezas em conquistas, e dúvidas em caminhos iluminados pela ciência.





registrado em:
Noticias

Redes Sociais